segunda-feira, 11 de julho de 2011

passagem.




CADEIRA DE BALANÇO



"Cada folha que caía estalava no chão do pátio. A mulher balançava na cadeira e rememorava sua beleza juvenil, os bailes, os homens. Nada restara, nem dor. Ainda trazia a beleza de outros tempos. O vento frio secava seu rosto. Exposta no pátio como uma pedra. Não se tratava mais de solidão. Pensava que os grandes amores precisam de peles lisas e belas. Só. Não havia providências, compromissos, nada precisava dela no mundo. Era preciso tempo apenas para deixá-lo passar, e podia passar pois era assim que a memória fazia exercícios. O mais importante era pensar as pessoas e saber que elas não podiam acompanhá-la; lembrava delas e de suas vidas vazias com um silêncio piedoso. E terno."

Henry Burnett

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