quarta-feira, 13 de julho de 2011

pessoas especiais

Especial
[Do lat. speciale.]
Adj. 2 g.
1. Relativo a uma espécie; próprio, peculiar, específico, particular.
2. Fora do comum; distinto, excelente.
3. Exclusivo, reservado.
4. Diz-se de adulto ou criança com necessidades


especiais (q. v.).
(Dic. Aurélio XXI)





"Por alguma especial razão, sou dada a cair de amores por pessoas especiais. Mas qual é o fator determinante para definir um ser como especial? Não há regra geral. Até porque a minha idéia de "especial" pode ser diametralmente oposta à sua e a de tantos outros. Seja qual for o determinante, detecto de imediato os especiais, segundo minha ótica, e sou tomada de profunda ternura e respeito por esses seres tão distanciados do comum. Não que o comum seja um atributo depreciativo. Há comuns adoráveis justamente porque são comuns e sabem disto. Dostoievski, em Crime e Castigo, tentando justificar o desvio de conduta de seu protagonista, afirmava haver duas categorias de homens: os ordinários e os extraordinários. Não havia importância comparativa. Ambos tinham sua função. Os ordinários nasceram para cumprir as leis e reafirmar os valores sociais. Os extraordinários para criar novas leis e desafiar aqueles valores. Mas voltando aos "especiais", que não chegam a ser necessariamente os "extraordinários" dostoevskianos, arriscaria dizer que são aqueles que, de alguma forma, estão em desacordo com algumas regras ou fora do lugar comum e trazem algo de mágico e de muito próprio na forma de sentir. Sou cercada por um bom número deles, para minha felicidade. Há um fenômeno de atração natural. Talvez os encontre porque procuro por eles inconscientemente. Meu carinho exagerado por essas pessoas só pode ter a seguinte explicação: ou é porque eu devo ter me tornado demasiadamente comum, ao ponto de me encantar assim com as oposições, ou é porque também devo ser um deles e identifico meus iguais. Pode ser também por eu já ter sido um deles algum dia e sinta saudades de mim. Não sei bem, e não quero saber. Gosto deles. Pronto. A luz é diferente, a energia é diferente, o percurso do pensamento e do processo criativo é diferente. O sentir é sutil, repleto de filigranas. Abençoadas sejam as criaturas especiais." ML (Poderia ser meu, mas não é! )

segunda-feira, 11 de julho de 2011

passagem.




CADEIRA DE BALANÇO



"Cada folha que caía estalava no chão do pátio. A mulher balançava na cadeira e rememorava sua beleza juvenil, os bailes, os homens. Nada restara, nem dor. Ainda trazia a beleza de outros tempos. O vento frio secava seu rosto. Exposta no pátio como uma pedra. Não se tratava mais de solidão. Pensava que os grandes amores precisam de peles lisas e belas. Só. Não havia providências, compromissos, nada precisava dela no mundo. Era preciso tempo apenas para deixá-lo passar, e podia passar pois era assim que a memória fazia exercícios. O mais importante era pensar as pessoas e saber que elas não podiam acompanhá-la; lembrava delas e de suas vidas vazias com um silêncio piedoso. E terno."

Henry Burnett