sábado, 30 de outubro de 2010

coisa pobre prá pobre...

“(...) Não adianta olhar pro céu com muita fé e pouca luta

Até quando você vai ficar usando rédea
Rindo da própria tragédia?

Até quando você vai levando porrada?
Até quando vai ficar sem fazer nada?

Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda, a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro(...)”

Gabriel o Pensador; Itaal Shur; Tiago Mocotó

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

palavras...

"As palavras produzem sentido, criam realidades e as vezes, funcionam como potentes mecanismos de subjetivação. Eu creio no poder das palavras, na força das palavras, creio que fazemos coisas com as palavras e, também, que as palavras fazem coisas conosco."

"Todo mundo sabe que Aristóteles definiu o homem como zôon lógon échon. A tradução dessa expressão, porém, é muito mais "vivente dotado de palavra" do que "animal dotado de razão" ou "animal racional". Se há uma tradução que realmente trai, no pior sentido da palavra, é justamente essa de traduzir logos por ratio. E a transformação de zôon, vivente, em animal. O homem é um vivente com palavra. E isto não significa que o homem tenha a palavra ou a linguagem como uma coisa, ou uma faculdade, ou uma ferramenta, mas que o homem é palavra, que o homem é enquanto palavra, que todo humano tem a ver com a palavra, se dá em palavra, está tecido de palavras, que o modo de viver próprio desse vivente, que é o homem, se dá na palavra e como palavra."

"As palavras com que nomeamos o que somos, o que fazemos, o que pensamos, o que percebemos ou o que sentimos são mais do que simplesmente palavras. E, por isso, as lutas pelas palavras, pelo significado e pelo controle das palavras, pela imposição de certas palavras e pelo silenciamento ou desativação de outras são lutas em que se joga algo mais do que simplesmente palavras, algo mais que somente palavras."

sábado, 16 de outubro de 2010

experiência 2


"A palavra experiência vem do latim experiri, provar (experimentar). A experiência é em primeiro lugar um encontro ou uma relação com algo que se experimenta, que se prova. O radical é periri, que se encontra também em periculum, perigo. A raiz indo-européia é per, com a qual se relaciona antes de tudo a ideia de travessia, e secundariamente a ideia de prova. Em grego há numerosos derivados dessa raiz que marcam a travessia, o percorrido, a passagem: peirô, atravessar; pera, mais além; peraô, passar através; perainô, ir até o fim; peras, limite. Em nossas línguas há uma bela palavra que tem esse per grego de travessia: a palavra peiratês, pirata. O sujeito da experiência tem algo desse ser fascinante que se expõe atravessando um espaço indeterminado e perigoso, pondo-se nele à prova e buscando nele sua oportunidade, sua ocasião. A palavra experiência tem o ex de exterior, de estrangeiro, de exílio, de estranho e também o ex de existência. A experiência é a passagem da existência, a passagem de um ser que não tem essência ou razão ou fundamento, mas que simplesmente "ex-iste" de uma forma sempre singular, finita, imanente, contingente."

Experiência
em espanhol, "o que nos passa"
em português, "o que nos acontece"
em francês, "ce que nous arrive"
em italiano, "quello que nos succede" ou "quello que nos accade"
em inglês, "that what is happening to us"
em alemão, "was mir passiert"

"A experiência é o que nos passa, nos acontece,o que nos toca. Não o que se passa, o que acontece, ou o que toca. A cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece. Dir-se-ia que tudo o que se passa está organizado para que nada nos aconteça.
...
A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar os outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço."
Larrosa

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

vigiar e punir




Resenha
FOUCAULT,M. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1987
Terceira parte, p.125-269. Disciplina

Foucault propõe, na terceira parte do livro, uma análise da evolução da disciplina e seus usos enquanto ferramenta de poder no decorrer dos séculos XVII e XVIII, avanços que a tornaram generalizável. Tão "brilhantemente" difundida nas várias instâncias da trama social, que chega a ser tomada como intrínseca, natural a sociedade. Essa análise intenta exatamente lançar luz sobre o momento em que a disciplina passa de uma técnica usada em situações pontuais para uma "trama infinitamente cerrada" em cada célula do organismo social; correlata a amplos processos históricos: econômicos, políticos, jurídicos e científicos.
No século XVII, as técnicas de adestramento apresentavam-se numa forma mais primitiva, fundamentadas no binômio retirada-violência. Tinha utilidade somente em realidades bem definidas como colégios, espaços hospitalares e militares, mas esse uso comum não era capaz de relacionar essas instituições. Era um uso descontínuo e muitas vezes conflitante e dispendioso.
O século XVIII é marcado por uma grande explosão demográfica e pelo crescimento do aparelho de produção. Esse novo cenário mais complexo, onde a burguesia foi tornando-se a classe politicamente dominante; o cenário da economia capitalista, precisa de estruturas disciplinares também mais complexas. Capazes ao mesmo tempo de ordenar e tornar útil toda essa força potêncial da maneira menos custosa.
Da observação de técnicas de treinamento para que homens comuns se tornassem soldados percebe-se o poder de manipulação do corpo em suas duas naturezas: útil e inteligível; descobre-se o corpo como objeto e alvo de poder.
Os processos de adestramento sempre existiram, mas no período clássico, como consequência dessas observações, eles ganham refinamento e aceleração pois é visto como estratégia de concretização de interesses políticos e econômicos.
O método Panóptico, de Bentham, que surge na época, responde bem a essas interesses. É uma figura arquitetural que encerra em si todas as características de um programa disciplinar ideal: fixa os individuos, determina funções, estabelece uma clara hierarquia que possibilita vigilância, sansão e exame de processos e individuos, além de fazer uso de todas as técnicas de otimização do tempo e das forças da multiplicidade sobre a qual vai agir. Acima de tudo isso, desenvolve em cada integrante do mecanismo uma consciência disciplinar subjetiva que garantirá seu funcionamento por si só.
A sociedade utiliza essa "simples" idéia como pano de fundo em todos os seus desdobramentos. Passa então a abrigar uma ambiguidade no âmago de algumas de suas instituições mais fundamentais, mais caras.
A forma jurídica, um sistema de garantia de direitos instituido nesse período conhecido pelo lema "liberdade, igualdade, fraternidade", analisada a luz dessa discussão, não passa de uma astúciosa engrenagem que só é possível alimentada por essa concepção disciplinar que é originalmente contrária ao lema que a institui.
As ciências (principalmente médica, pedagógica, do trabalho) desenvolveram-se muito graças a burocratização dos processos, característica do disciplinamento das atividades. Mas seu produto contribuiu e contribui para uma forma de controle cada vez mais tênue.
O exército representa uma força coercitiva de armas com sua estratégia e uma força positiva na sociedade com sua tática, enquanto modelo de disciplina. A mesma força que gera a guerra gera também a paz.
Foucault aborda o poder como algo que transpassa a sociedade visando sempre a homogeneidade, a normalização e todo aquele que desvia da norma deve ser punido, pois compõe uma ameaça ao sistema.


Foucault é bastante detalhista nesta obra, não sei se especificamente por sua proposta neste capítulo ou se por estilo, mas essa caracteristica ajuda bastante na compreensão da idéia. Enquanto analisa os exemplos vai construindo o conceito e o uso de retomadas ao final de cada módulo não deixa que se percam as principais caracteristicas.
É uma leitura de grande relevância, pois permite de fato uma desnaturalização da questão da disciplina que se vende como valor da moral indispensável as relações sociais. Presente na instuição que constitui nosso foco de estudo, a escola, ainda que de forma conflituosa.
Permite-nos olhar para o dito "anormal", categoria que se multiplica em ritmo acelerado, com olhos mais atentos uma vez que estes tornam-se, então, a resistência a um mecanismo que como ficou demonstrado, não é tão natural assim, permitindo-nos vislumbrar um horizonte diferente, talvez, daqui a algum tempo. Por enquanto resta-nos pensar numa prática que, conscientizada do poder que tem, ajude a formar homens também conscientes e críticos.





By Verônica Fonseca

terça-feira, 12 de outubro de 2010

"O dominado não se liberta se ele não vier a dominar aquilo que os dominantes dominam."

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

experiência

"Do ponto de vista da experiência, o importante não é nem a posição (nossa maneira de pormos), nem a o-posição (nossa maneira de opormos), nem a im-posição (nossa maneira de impormos), nem a pro-posição (nossa maneira de propormos), mas a ex-posição (nossa maneira de expormos),com tudo o que isso tem de vulnerabilidade e risco. Por isso é incapaz de experiência aquele que põe, se opõe, ou se impõe, ou se propõe, mas não se expõe. É incapaz de experiência aquele a quem nada lhe passa, a quem nada lhe acontece, a quem nada lhe sucede, a quem nada o toca, nada lhe chega, nada lhe afeta, a quem nada o ameaça, a quem nada ocorre."

Larrosa

Barão Vermelho - O Nosso Mundo

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

sensações

O peso do corpo... um calor absurdo te invade começando pela cabeça, ao mesmo tempo que seu corpo fica gelado ao toque... respirar fica cada vez mais difícil. Uma leve sensação de desespero enquanto as imagens vão sumindo... sumindo...
O retorno é incerto.